terça-feira, 12 de março de 2013



Divã foi lançado em 2005, mas só agora o li. Ele é o típico livro que os amantes da leitura leem e não param, é de fácil entendimento e ele flui naturalmente.  Rapidamente nos tornamos íntimos da Mercedes a qual é uma mulher adulta, contudo tem dúvidas como se fosse uma adolescente que recém está começando a sua vida. Ela está ali de corpo e alma questionando a vida que leva e ela mesma. Percebemos pelo reflexo dela o quanto somos inconstante e quantas dúvidas podem nos atormentar. Será que estamos agindo de forma certa? Será que nossas escolhas são as certas? Será que quando tivermos 30, 40 ou 50 anos estaremos satisfeitos? Divã nos provoca, nos faz pensar na gente e nas nossas decisões. Podemos ler a vida da Mercedes, porém observamos a nossa própria vida a qual estará sendo revisada e julgada por nós e não pelo analista.
No livro é nos apresentado um diálogo entre Mercedes e o Lopes, mas aparece apenas as reflexões dela. Contudo o interessante é que nos familiarizamos com o Lopes apesar de não o ouvirmos, criamos laços com ele, sentimos como se estivéssemos o vendo ou o ouvindo.  Abaixo uma prévia do livro:

“(...) Sabe campo minado? É como se eu não soubesse mais para que lado ir , qualquer mau passo pode me aleijar. Desculpe. Odeio dar chilique. Ando estressada, farta das minhas certezas falsificadas, eu sou tão cerebral que não consigo lidar com esta avalanche de sensações inesperadas. Parece que eu corri uma maratona a vida inteira. É muito desgastante manter o pique e o bom senso. Tenho sido uma carrasca comigo mesma.Não, não quero água. Estou mais calma. Ainda bem que trouxe meus óculos escuros, assim o porteiro do seu prédio não vai precisar chamar os caça-fantasmas quando me vir atravessar o saguão.
Não é pra menos que todos os bebês choram quando nascem. É tudo tão estranho e violento. A gente está protegido dentro da barriga da mãe, e de um minuto para o outro vai parar numa sala de cirurgia que mais parece o palco de um show de rock, com refletores pra tudo que é lado e nos braços de pessoas que nunca vimos antes. Nascer é uma novidade e é um choque. Lopes, que parto."

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